O relato de um sujeito paranóico órfão de mãe que encontra na evacuação uma forma de amenizar a invasão do Outro, referindo alívio com a saída das fezes, nos levou a levantar a hipótese de ser uma tentativa de extração do objeto a, fezes, fazendo no real a operação que não aconteceu no simbólico. Após uma análise da função do delírio, concluímos que a construção de uma metáfora delirante barra o gozo do Outro e permite que o sujeito localize o gozo em um objeto fora do corpo. Nas considerações finais verificou-se tal hipótese também à luz da conceituação do luto como perda de um pedaço de si, já que no caso em questão houve um luto impossível.
The case of a motherless paranoid patient who finds in evacuation a way of minimizing the invasion of the Other, and who relates to be relieved when letting feces out, led us to the hypothesis that the extraction of the object a, the feces, is an attempt to carry out an operation in the real that wasn't accomplished in the symbolic. After analyzing the function of his delusion, we concluded that the construction of a delusional metaphor, which was possible through the identification with an ideal signifier, barres the jouissance of the Other and helps the subject, at least temporary, to localize jouissance in an object outside the body. This hypothesis was also verified in the light of the conceptualization of grief as losing a piece of oneself, in case of an impossible mourning.