Tendo em vista o crescente número de casos de abuso sexual que vêm sendo denunciados e a vulnerabilidade de algumas populações específicas, como por exemplo, a população de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, mais especificamente os deficientes mentais, esse estudo teve como objetivo caracterizar as habilidades de proteção contra o abuso sexual desses indivíduos. Para isso, foi realizada uma entrevista estruturada, que consistiu em um instrumento traduzido "What If Situation Test"( Teste de Situações "E Se"), com seis mulheres com idades entre 18 e 50 anos. Pôde-se perceber pela análise dos resultados que as participantes não tinham um repertório de habilidades de auto proteção adequado para se protegerem em situações potencialmente abusivas do ponto de vista sexual. De acordo com os dados obtidos, as participantes foram capazes de discriminar as situações apropriadas das situações inapropriadas, ou seja, elas reconheceram quais situações lhes colocam em risco de sofrer abuso sexual. Em contrapartida, elas não foram capazes de se retirar de uma situação inapropriada e não reportaram tal situação a pessoas de confiança, o que justifica afirmar que elas apresentam um déficit em seu repertório de habilidades de auto proteção. Esse estudo apóia a literatura ao confirmar que essa é uma população vulnerável em relação ao abuso sexual e permite ampliar a discussão sobre a necessidade de programas de prevenção para a mesma.
Considering the increasing number of reported sexual abuse cases and the vulnerability of some specific populations, such as persons with special needs, more specifically people with mental retardation, this study intended to characterize self protection against sexual abuse skills for the latter. With this purpose, a translated structured interview "What if Situation Test" was applied in six special school in the city of São Carlos, Brazil, with students aged between 18-50 years old. Results showed that this study's participants did not have an appropriate repertoire of self protection skills to protect themselves from potential sexually abusive situations. Data showed that the participants were able to distinguish between appropriate and inappropriate situations, which means that they recognized situations that offered risks. However, they were not able to leave an inappropriate situation and report it to someone they trusted, which may be indicative of deficit in their self protection skills' repertoire. This study supports the existing literature, confirming this population's vulnerability concerning sexual abuse and contributes to a wider discussion about sexual abuse preventive programs.