o presente artigo trata de uma análise do filme Temple Grandin o qual apresenta um panorama do autismo a partir da experiência singular de vida da protagonista. É apresentada uma breve sinopse do filme que descreve a trajetória de uma pessoa com autismo no enfrentamento de barreiras cotidianas em uma época em que esta condição ainda era muito pouco conhecida. A análise retoma alguns recortes do filme e apóia-se em dados atuais da literatura para discutir pontos referentes ao autismo. Entre outras, discutem-se as especificidades e perspectivas futuras dos diagnósticos categóricos e dimensionais no autismo, bem como as persistentes confusões com nomenclaturas. É revista a noção historicamente construída da pessoa com autismo como extremamente inteligente, propondo desconstruir este estereótipo a partir do entendimento destas habilidades sob o escopo de teorias cognitivas que as definem como partes de um estilo cognitivo diferente. Também são abordadas brevemente as alterações sensoriais presentes no autismo, as quais impulsionam Temple a desenvolver a máquina do abraço para auxiliar pessoas como ela a lidar com dificuldades interpessoais, que muitas vezes são confundidas com inexpressão afetiva. Por fim, são retomadas as correlações outrora sugeridas entre a qualidade da parentalidade e o autismo, conforme ilustrada no filme. Não se pretende aqui esgotar o assunto em uma análise extensa e profunda, mas oferecer uma compreensão teórica sobre a obra.
This article presents an analysis of the film Temple Grandin which provides an overview of autism from the unique life experience of Temple Grandin. A brief synopsis is present describing the trajectory of a person with autism in coping with everyday obstacles at a time when this condition was still very little known. The analysis takes some scenes from the movie film to discuss aspects related to autism, based upon the literature. Specificities and future perspectives on categorical and dimensional diagnosis of autism are discussed, as well as confusion related to classification issues. The historical notion that people with autism are always highly intelligent is reviewed, proposing deconstruction of this stereotype by understanding the presence of special abilities within the scope of what cognitive theorists call different cognitive styles. Sensory disturbance in autism is also addressed, such as those that drive Temple to develop the hug machine to help other autistic people to deal with interpersonal difficulties, which were often mistaken for lack of affective expression. Finally, the correlations between quality of parenting and autism are discussed, based upon scenes in the film. The aim is not to exhaust the subject in a thorough and extensive analysis, but rather to provide theoretical understanding of the work.