Pretendemos discutir o trabalho doméstico de adolescentes na perspectiva das relações de gênero, articulando-o com as categorias de classe social, etnia e intergeracionalidade. Utilizamos os resultados de uma pesquisa realizada em Natal (RN), a qual destaca que as jovens começam a trabalhar muito cedo, acumulando tarefas escolares e de trabalho e sob condições trabalhistas desiguais, com baixos salários, muitas horas e a presença de trabalho noturno, o que é proibido para menores de 18 anos. Trata-se de uma forma de trabalho desvalorizada, rotineira e desestimulante. Além disso, reproduz muitos conflitos sociais, principalmente aqueles relacionados a gênero, já que é uma forma de perpetuar o espaço doméstico como destinado à figura feminina, reproduzindo a divisão sexual do trabalho. Apesar disso, tem um sentido positivo na vida das jovens, pois é uma forma de ascensão social, de ter mais autonomia, bem como ajudar suas famílias que se encontram, geralmente, no interior do estado.
We intend to discuss adolescent domestic labour using a gender relationship perspective while linking it to the categories of social class, ethnicity and intergenerationality. We use data of a study conducted in Natal (RN), that points out that young women initiate work early in their lives thereby accumulating school and job tasks. The working conditions are unequal, exemplified by low pay, extensive work periods, and night shifts which is prohibited for those under 18 years of age. This type of work is undervalued, routine, and unstimulating. It reproduces many social conflicts, especially those related to gender, for it is a form of perpetuating the designation of the domestic space to the feminine figure thereby reproducing the sexual division of labour. In spite of that, however, this type of work has a positive meaning for these young women. They view it as a form of social ascension, of gaining autonomy, and of helping their families that live in the interior of the state.