Nas últimas décadas o Brasil transformou-se em uma sociedade industrializada. A partir da perspectiva epidemiológica e considerando as mudanças que estão ocorrendo a população brasileira, particularmente nos aspectos da transição demográfica, discute-se neste trabalho a necessidade de repensar a abrangência e prioridade do sistema de vigilância epidemiológica no país. O estudo avalia o sistema de informação para a ação de acidentes do trabalho a nível local, implantado no Programa de Saúde dos Trabalhadores do SUDS-R-6 (Mandaqui), tendo por base os dados de uma empresa metalúrgica da região que o sistema identificava como apresentando um processo de produção com alto risco de acidentes. A participação dos trabalhadores acidentados na discussão sobre os riscos ambientais e processo de trabalho, permitiu esclarecer a multicausalidade envolvida nos acidentes ocorridos nesta empresa. É destacada a importância da participação dos trabalhadores organizados - através de seus sindicatos, nas ações de controle dos acidentes. Embora, nem sempre essa participação organizada seja possível, o setor saúde deve buscar formas de atuação que resgatem a experiência concreta dos trabalhadores.
Over the course of recent decades, Brazil has become an industrialized society. From an epidemiological perspective and considering changes that have been occurring in the Brazilian population, particularly concerning demographic and epidemiological transitions, this paper discusses the need to adapt the epidemiological surveillance system in order to incorporate the surveillance of non-transmissible diseases. The authors analyze the information system for work-related accidents in the Workers' Health Program, under SUDS (the Unified Decentralized Health System) for the Mandaqui Region (in the Northern part of the city of São Paulo), based on data from a local metalworking industry identified by the information system as a high-risk site for work-related accidents. The article also focuses on the importance of organized workers participating in actions to control work-related accidents. Although such participation is not always possible, the health sector must incorporate the workers' own concrete experience in order to develop more effective actions to prevent accidents at the workplace.