A fim de se conhecer o perfil demográfico e nosológico da clientela, bem como avaliar a qualidade dos registros das consultas em prontuário, realizou-se um estudo de demanda em três serviços da rede pública dois ambulatoriais e um de urgência localizados na X Região Administrativa do município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. A amostra obtida foi de 2.029 pacientes, com 3.980 consultas realizadas no período de 1 de outubro de 1990 a 30 de setembro de 1991. Os diagnósticos foram codificados pela 9º revisão da Classificação Internacional de Doenças. Cerca de 60% dos atendimentos foram prestados a mulheres, mais de metade entre 15 e 49 anos. Crianças menores de 10 anos representaram 28% do total de atendimentos. Grande parte da demanda (38%) é formada pela população favelada da área. A qualidade dos registros da consulta em prontuário foi precária, faltando importantes informações. Os diagnósticos mais freqüentes foram classificados no capítulo XVI afecções maldefinidas, seguindo-se as doenças respiratórias, infecciosas, geniturinárias e circulatórias. Nos serviços ambulatoriais foi grande a procura por ações preventivas, como consulta de pré-natal e puericultura, inclusive na unidade que historicamente realizava apenas ações curativas. No serviço de urgência predominou o atendimento por causas externas. Entre os diagnósticos específicos mais freqüentes estão as infecções respiratórias agudas, a hipertensão arterial, problemas ginecológicos, consultas de pré-natal e doenças de pele. Não há registro de referência para outros serviços. A precariedade do registro médico traz prejuízos à assistência. A utilização destes registros, ainda que criticamente, é fundamental para melhorá-los.
A sample survey was conducted in three public ambulatory medical care units in Rio de Janeiro in order to show the demographic and nosological aspects of the clientele as well as to evaluate the quality of clinic records. The sample included 2,029 patients registered in the health clinics and 3,980 consultants from October 1, 1990 to September 30, 1991. The diagnoses were coded according to the 9th revision of the International Classification of Dieases. Females accounted for about 60% of the sample, and more than a half were between 15 and 49 years of age. Children under 10 years old made up 28% of the total. About 38% of the patients came from the poor areas of the city: the "favelas". The case files were poorly filled out, frequently lacking useful information. The most frequent cause was classified in the XVIo chapter of the ICD - ill-defined causes, followed by respiratory, infectious, genitourinary and circulatory diseases. External causes predominated in one of the health clinics, which is an emergency service. There was a great demand for preventive measures, such as prenatal care and child care, even at the clinic that was traditionally devoted only to curative medicine. The most frequent specific diagnoses were upper respiratory tract infection, hypertension, gynecological problems, prenatal care, and skin diseases. There were no records for referrals to other health services. The poor quality of the medical records causes problems in terms of quality of health care. Use of such record-keeping systems, even while criticizing them, is essential to improve them.