Desigualdades sócio-econômicas na mortalidade infantil precoce têm sido evidenciadas no Brasil, indicando que o maior risco de morte se relaciona com o nível sócio-econômico das mães. Apontam-se, neste trabalho, as desigualdades do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no Município do Rio de Janeiro, discutindo-se a adequação das principais medidas de desigualdades em saúde propostas na literatura. Como fonte de informações, utilizam-se os dados coletados em inquérito realizado em cerca de dez mil parturientes nas primeiras 48 horas após o parto, em maternidades públicas e privadas da cidade. Considerando o grau de instrução da mãe e a renda do chefe da família como indicadores do nível sócio-econômico, bem como o risco atribuível populacional relativo e o coeficiente angular de desigualdade como medidas de desigualdade em saúde, constata-se grande gradiente sócio-econômico da proporção de baixo peso ao nascer e, especialmente, da taxa de mortalidade perinatal. A associação persistente entre os fatores sócio-econômicos e os resultados adversos da gravidez reflete, pelo menos em parte, a ineficácia do sistema de saúde em minorar as desigualdades da saúde perinatal no Rio de Janeiro.
Socioeconomic inequalities in early infant mortality have been evidenced in Brazil, with a greater mortality risk associated with the mother's socioeconomic status (SES). The aim of this paper is to identify socioeconomic inequalities in relation to low birth weight and perinatal mortality in the City of Rio de Janeiro, Brazil, discussing the appropriateness of the main health inequality indexes proposed in the international literature. As the information source, we use data collected in a survey of approximately 10,000 mothers selected for interview within 48 hours after delivery in public and private hospitals in the city. Using educational level and head of household's income as indicators of SES, as well as population attributable risk and slope index of inequality as health inequality measures, the results show a steep socioeconomic gradient in the proportion of low birth weight, and especially in the perinatal mortality rate. The persistent association between socioeconomic indicators and adverse results in pregnancy indicates (at least partially) the health system's inefficacy in diminishing perinatal health inequalities in Rio de Janeiro.