Estudo qualitativo realizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, com objetivo de investigar a morte infantil sob a perspectiva das mães. Foram entrevistadas 16 mães que haviam perdido seus bebês, a maioria no período neonatal. As entrevistas foram analisadas tomando-se como principais categorias a percepção do processo saúde-doença-morte, a relação médico-paciente e a qualidade da assistência. A descontinuidade entre o pré-natal e o parto, as dificuldades enfrentadas para a realização do parto, a peregrinação das gestantes, a falta de comunicação com os profissionais de saúde, a dissociação entre as condições hospitalares oferecidas e as necessidades percebidas, foram algumas das situações evidenciadas. Medo, solidão, abandono, insegurança, impotência foram sentimentos que acompanharam as mães por ocasião do parto e durante o curto período de vida da criança. A iniqüidade de direitos, como categoria mais abrangente, permeou os diversos depoimentos, revelando um processo de exclusão das mães e de suas crianças enquanto usuárias do sistema público de saúde.
This qualitative study was conducted in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil, focusing on infant death from the mothers' perspective. Sixteen mothers whose infants had died were interviewed. Mothers' narratives were analyzed by classifying such categories as perceptions of health-illness-death, the physician-patient relationship, and quality of care. Discontinuity between prenatal and childbirth care, wandering from one hospital to another to receive care, and lack of communication with health care professionals were situations reported by the women. Feelings such as fear, solitude, abandonment, insecurity, and disempowerment were also evidenced. The inequity of rights was a dominant theme which permeated many narratives, revealing a process of exclusion for mothers and their children as users of the public health system.