Este artigo descreve características sócio-demográficas e clínicas dos óbitos classificados como de causa mal definida, ocorridos no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, em 1998, e faz a reclassificação dos grupos de causas prováveis desses óbitos, com base nas informações contidas nas Declarações de Óbito do Sistema de Informações de Mortalidade e do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) de 1997 e 1998. Para isso, foi necessário relacionar uma amostra aleatória de óbitos de causas definidas com o SIH-SUS. Foi utilizada técnica de relacionamento probabilístico de registros. Comparando com os óbitos de causa definida, os óbitos de causa mal definida ocorreram mais em indivíduos de cor da pele não branca e com menor escolaridade; foram mais frequentes na região metropolitana e os indivíduos internaram menos no SUS e morreram mais em domicílios, e sem assistência médica. Foi possível reclassificar cerca de 20% dos óbitos de causa mal definida. A reclassificação apresentou pequeno impacto na mortalidade proporcional, por causa do tamanho deste grupo (10% dos óbitos). No entanto, se os resultados pudessem ser aplicados ao total de óbitos de causa mal definida, poderiam ocorrer alterações de maior impacto na mortalidade proporcional.
This article describes the clinical and socio-demographic characteristics of deaths from ill-defined causes in the State of Rio de Janeiro, Brazil, in 1998, and reclassifies the groups of probable causes based on data from death certificates in the Mortality Information System and the Hospital Information System of the Unified National Health System (SIH-SUS) for 1997-98. Reclassification required a random sample of defined causes from the SIH-SUS. The technique used was probabilistic relationship of records. As compared to deaths with defined causes, in those with ill-defined causes the individuals were predominantly non-white, had less schooling, had died in Greater Metropolitan Rio de Janeiro, were less likely to have been hospitalized in the SUS, and were more likely to have died at home and without medical care. It was possible to reclassify 20% of deaths with ill-defined causes. Reclassification had a minor impact on proportional mortality, due to the size of this group (10% of the deaths). However, if the results could be applied to all deaths with ill-defined causes, the impact might be greater on proportional mortality.