Este artigo examina o parto em uma maternidade pública de Salvador, Bahia, Brasil, com base na perspectiva de mulheres jovens e adolescentes, a maioria das quais negras e de classes populares. O estudo, de caráter antropológico, baseia-se na análise de entrevistas e na etnografia do hospital, particularmente do centro obstétrico. As mulheres descrevem o trabalho de parto como dominado pelo medo, solidão e dor, sensações que se transformam em amor com o nascimento da criança. Enfocando o parto como um processo biossocial, o trabalho mostra como as jovens produzem significados durante o processo de parturição, enquanto se encontram envolvidas nas interações sociais próprias ao parto hospitalar, particularmente com os profissionais de saúde. Do ponto de vista simbólico, as parturientes experienciam o parto como um rito de passagem que legitima a maternidade, em um contexto social e institucional que, ao contrário, deslegitima a reprodução sexual de mulheres negras, jovens e de baixa renda e estigmatiza a maternidade na adolescência.
This article examines childbirth in a public maternity hospital in Salvador, Bahia, Brazil, from the perspective of young and adolescent women, mostly black and working-class. As an anthropological study, it is based on the analysis of birth narratives and hospital ethnography, especially in the obstetric ward. The women describe labor as dominated by fear, loneliness, and pain. These feelings are transformed into love with the birth of the child. Viewing childbirth as a biosocial process, the authors show how the young women construct meanings during the birth; meanwhile, social interactions specific to hospital birth develop, particularly with healthcare professionals. Symbolically, women construct birth as a rite of passage legitimating motherhood, against the institution's effective de-legitimization of sexual reproduction in low-income black mothers and stigmatization of adolescent motherhood.