Vários países apresentam crescimento da prevalência dos transtornos mentais comuns (TMC). Poucos casos são diagnosticados e tratados adequadamente porque os serviços tradicionais de saúde raramente estão preparados para lidar com esse problema. O Programa Saúde da Família (PSF), implementado no Brasil desde 1995/1996, representa um novo modelo de atenção com potencial para melhor atuação nesses casos. Este estudo objetiva investigar a prevalência de TMC segundo a cobertura PSF e certos fatores de risco sóciodemográficos. Um inquérito de saúde e acesso a serviços foi realizado de janeiro a março de 2001 em áreas periféricas do Município de São Paulo, parcialmente cobertas pelo PSF, e incluiu o rastreamento de TMC em 2.337 indivíduos maiores de 15 anos de idade. Não se observou diferença significante na prevalência de TMC segundo a cobertura PSF. A prevalência foi significantemente maior nas mulheres (RP = 1,34), idosos (RP = 1,56) e nas categorias de menor renda (RP = 2,64) ou de menor escolaridade (RP = 2,83). Os TMC se mostraram associados a indicadores de desvantagem social, implicando a necessidade de focalização do problema e dos grupos de risco específicos para maior impacto da atenção.
The prevalence of common mental disorders has increased in many countries. Cases are often not identified and adequately treated because traditional health care services are rarely prepared to deal with this problem. The Family Health Program (FHP) has been implemented in Brazil since 1995-1996 and provides a new primary health care model with the potential for better care for these patients. This study investigates common mental disorders prevalence according to FHP coverage and associated socio-demographic factors. A large health and health care survey was conducted from January to March 2001 in areas partly covered by the FHP in a peripheral area of the city of Sao Paulo and included common mental disorders screening in 2,337 individuals > 15 years of age. There was no significant difference in common mental disorders prevalence according to FHP. Common mental disorders prevalence was significantly higher among females (PR = 1.34), elderly (PR = 1.56), and individuals with lower income (PR = 2.64) or less schooling (PR = 2.83). Common mental disorders was associated with indicators of social disadvantage, implying the need to focus on specific health problems and risk groups to improve the impact of care.