O objetivo deste estudo é analisar, numa perspectiva de gênero, aspectos envolvidos no não uso constante do preservativo masculino por adolescentes do Município do Rio de Janeiro, Brasil. Foram realizados quatro grupos focais com 34 estudantes adolescentes da rede de ensino público e privado, contrastando gênero e origem social. A análise intra e intergrupal do material discursivo fundamentou-se num enfoque crítico-interpretativo. Dentre os temas identificados, abordamos "as relações de gênero", estruturando a exposição em torno de três dimensões: a confiança, a submissão e a iniciativa, que emergiram como eixos centrais. Os achados deste estudo ressaltam que a tão propalada desigualdade de poder entre os gêneros não se evidencia na fala dos adolescentes, ganhando, ao contrário, uma aparência de eqüidade na negociação e na falta de iniciativa para o uso do preservativo. São sutis as diferenças encontradas entre as escolas públicas e privadas. Mudanças podem estar ocorrendo neste campo do comportamento sexual entre adolescentes, o que ressalta a importância dos canais de diálogo, considerando-se a singularidade dos grupos na construção de estratégias adequadas aos atores sociais em seus contextos históricos e culturais.
This study assessed gender-related aspects involved in the inconsistent use of male condoms by adolescents in Rio de Janeiro, Brazil. Four focus groups were conducted, two with each gender, two in a public school and two in a private school, totaling 34 participants, comparing gender and social status. The resulting material was analyzed using a critical interpretative approach. Among the emerging themes, "gender relations" were chosen, consisting of three dimensions: trust, submission, and initiative. So-called unequal gender power was not detected in the adolescents' discourse, which however revealed an apparent inequality in negotiation and initiative in condom use. Differences between public and private schools were subtle. Some changes may be occurring in the field of adolescent sexual behavior. The results indicate the importance of channels for dialogue, taking into account the singularity of groups in order to establish intervention strategies adapted to subjects and different historical and cultural contexts.