Estudo retrospectivo, realizado na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, para avaliar indicadores de dispensação e consumo de substâncias anorexígenas. Ocorreu em duas etapas: na primeira, foram analisadas 2.906 das 168.237 notificações de receitas aviadas por estabelecimentos farmacêuticos da cidade, em 2003. Observou-se uma baixa qualidade nas notificações. O consumo projetado foi de 19,75 DDD/mil habitantes/dia. A substância mais consumida foi o fenproporex (59,8%). Uma farmácia foi responsável por 39,8% das dispensações. Na segunda etapa, foram analisados 14.554 registros do livro de receituário geral da farmácia que mais dispensou tais produtos, no período de abril a agosto de 2005. Os anorexígenos responderam por 9,2% das manipulações e 91,8% deles foram prescritos para uso concomitante com outra substância: 43% com clordiazepóxido, 50,6% com fluoxetina, 7,5% com outro anorexígeno e 28,2% com bromazepam. Os resultados observados sugerem um uso indiscriminado e irracional de anorexígenos neste município, sendo fundamental aprimorar a regulação do mercado de produtos manipulados. Para tanto, é necessário uma melhor compreensão do papel da farmácia nessa regulação e o papel dos prescritores no uso racional dessas substâncias.
This retrospective study in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil, aimed to provide indicators on the sale and consumption of anorexigenic substances. During the first stage, 2,906 of 168,237 prescriptions received by pharmacies in 2003 were analyzed, showing low quality of prescriptions. Projected consumption in defined daily doses was 19.75 DDD/1,000 inhabitants/day in 2003. Fenproporex (59.8%) was the most widely consumed drug. One pharmacy was responsible for 39.8% of the pharmaceutical sales. During the second stage, 14,554 sales records from this "blockbuster" pharmacy were analyzed, from April to August 2005; 9.2% of sales were for anorexigenic products, 91.8% of which prescribed in association with another substance. The data suggest irrational use of anorexigenic drugs by these consumers and highlight the need for proper regulation of these products. It is important to understand both the role of pharmacies in this regulation and that of physicians in the rational use of these substances.