Este artigo apresenta dados parciais de ampla pesquisa qualitativa, sócio-antropológica, realizada em cinco estados do Brasil, para captar a perspectiva de usuárias de áreas urbanas e rurais sobre suas experiências contraceptivas e reprodutivas, bem como sobre o atendimento em contracepção e planejamento reprodutivo no Sistema Único de Saúde. Enfocam-se resultados do Estado do Rio de Janeiro, mediante sessenta entrevistas individuais semi-estruturadas, com usuárias entre 18 e 49 anos, de duas unidades básicas de saúde da capital e de uma unidade do Programa Saúde da Família (PSF), no interior, em área rural. Constatou-se maior diversidade no uso de métodos na capital, em contraste com o interior, onde apenas a laqueadura se apresenta como alternativa à pílula. O trabalho educativo em grupo na capital amplia as possibilidades de escolha de métodos e aprendizado coletivo, embora o acesso ao DIU e à ligadura ainda seja considerado problemático, devido às dificuldades no atendimento. Os serviços de saúde privilegiam assistência às mulheres em trajetória reprodutiva; há necessidade de atenção às mulheres adultas não grávidas e adolescentes, além do fortalecimento do trabalho educativo no PSF.
This article presents partial data from a larger qualitative, socio-anthropological survey in five States of Brazil, aimed at grasping the perspectives of users in urban and rural areas on their contraceptive and reproductive experiences, and their perceptions concerning contraceptive and family planning care in the Unified National Health System. The article focuses on findings in the State of Rio de Janeiro from 60 individual semi-structured interviews with users 18 to 49 years of age in two primary care clinics in the State capital and one rural clinic under the Family Health Program (FHP). There was a greater diversity in the use of methods in the capital as compared to the interior, where tubal ligation was the only alternative to the pill. Group education work in the capital expands the possibilities for choice of methods and collective learning, although access to the IUD and tubal ligation is still considered problematic, due to difficulties in providing such care. The health services prioritize care for women that have already begun childbearing, and more care is needed for non-pregnant adult women and adolescents, in addition to strengthening the educational work in the FHP.