Este estudo teve como objetivos avaliar os registros de dispensação de anti-retrovirais (ARV) por um período de 12 meses após a primeira prescrição e determinar os fatores associados com a retirada irregular ou abandono em dois serviços públicos de referência para AIDS, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Participaram 323 pacientes infectados pelo HIV, virgens de tratamento, recrutados entre maio de 2001 e maio de 2002. No período, 98 (30,3%) pacientes abandonaram a terapia e 187 (57,9%) tiveram pelo menos uma retirada irregular. Indivíduos com retirada irregular ou que abandonaram a terapia foram comparados àqueles com retirada regular. Análise multivariada multinomial indicou que morar fora de Belo Horizonte, ter contagem de linfócitos TCD4+ maior que 200 células/mm³ e uso de esquema sem inibidor de protease estavam associados com retirada irregular. Além dessas variáveis, o abandono mostrou associação com não fazer uso de outra medicação e ter registro de não-adesão no prontuário médico. Os registros da farmácia destacaram-se como potencial indicador de não-adesão, devendo ser incorporados à prática clínica. Ações que busquem os pacientes ausentes ou com retirada irregular devem ser priorizadas.
The objectives of this study were to evaluate anti-retroviral (ARV) prescription pickups during twelve months following the first prescription and to identify factors associated with irregular pickups or permanent dropout in two public HIV/AIDS referral centers in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. Participants (n = 323) were antiretroviral naïve and were recruited from May 2001 to May 2002. A total of 98 (30.3%) patients abandoned treatment, and 187 (57.9%) had at least one irregular pickup. Patients with irregular pickups and dropouts were compared to those with regular pickups. Multinomial multivariate analysis showed that living outside Belo Horizonte, CD4+ T-lymphocyte count greater than 200/mm³, and antiretroviral regimen without protease inhibitors were associated with irregular pickups. In addition to these variables, not being on other medications, and any non-adherence recorded on patient charts were associated with treatment dropout. Pharmacy records are important potential indicators of non-adherence and should be incorporated as such in clinical practice. Strategies should be prioritized to reach out to dropouts or patients with irregular ARV pickups.