O objetivo deste artigo foi descrever o perfil dos atendimentos de emergência por lesões relacionadas à violência em crianças (< 10 anos de idade) atendidas em serviços do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde, durante 30 dias consecutivos em cidades selecionadas no Brasil, 2006 e 2007. Das 518 crianças atendidas, predominaram as vítimas do sexo masculino (60,6%), idade de 5-9 anos (52,1%) e negros (71,2%). Sobressaíram-se as ocorrências no domicílio (55%), com lesão por corte/perfuração (34,2%) e evolução para alta (68,7%). A violência mais freqüente foi agressão física (67,4%), envolvendo espancamento, objetos perfurocortantes e arma de fogo. Os demais tipos de violência incluíram negligência (32%), abuso psicológico (9,5%) e violência sexual (3,5%). Em sua maioria, os agressores eram do sexo masculino (48,1%) e familiares da vítima (36,3%). Revela-se a vulnerabilidade da criança às situações de violência. É necessário desenvolver estratégias específicas de assistência intersetorial e mobilização social para a intervenção sobre esse problema.
The aim of this article was to describe the profile of emergency care for injuries resulting from violence against children (< 10 years of age) treated Surveillance System for Violence and Accidents (VIVA) of the Ministry of Health, for 30 consecutive days in 2006 and 2007 in selected cities of Brazil. The 518 children in the sample were predominantly male (60.6%), aged 5-9 years (52.1%), and black (71.2%). The majority (55%) of the cases occurred in the home, 34.2% involved sharp objects, and 68.7% evolved to discharge. The most frequent form of violence was physical aggression (67.4%), involving beating, sharp objects, and firearms. The other types of violence included neglect (32%), psychological abuse (9.5%), and sexual assault (3.5%). The aggressors were largely male (48.1%) and family members of the victim (36.3%). The study shows children's vulnerability to situations of violence. It is necessary to develop specific strategies for inter-sector care and social mobilization to intervene in this problem.