Estudos populacionais sobre mortalidade neonatal de nascimentos de muito baixo peso ao nascer contribuem para identificar sua complexa rede de fatores de risco. Foi estudada uma coorte de 213 recém-nascidos com peso inferior a 1.500g (112 óbitos neonatais e 101 sobreviventes) na Região Sul do Município de São Paulo, Brasil, em 2000/2001. Foram realizadas entrevistas domiciliares e obtidos dados de prontuários hospitalares. Foi realizada análise de sobrevida e empregada regressão múltipla de Cox. A elevada mortalidade na sala de parto, no primeiro dia de vida e ausência de sobreviventes < 700g dos nascimentos < 1.000g e com menos de 28 semanas sugere que condutas mais ativas destinam-se a nascituros de maior viabilidade. Mães residentes em favela, com história anterior de cesárea e aborto provocado, adolescentes, com sangramento vaginal e ausência de pré-natal aumentaram o risco de óbito neonatal. Partos cesarianos e internação em berçários mostraram efeito protetor. O peso ao nascer abaixo de 1.000g e Apgar menor que 7 foram risco. A elevada mortalidade está associada às condições de vida, características maternas e dos nascimentos e condições assistenciais. A melhoria da atenção pré-natal e ao recém-nascido pode atuar na redução da mortalidade.
Population studies can help identify the complex set of risk factors for neonatal mortality among very low birth weight infants. A cohort (2000-2001) of 213 live newborns with birth weight < 1,500g in the southern region of São Paulo city, Brazil, was studied (112 neonatal deaths and 101 survivors). Data were obtained from home interviews and hospital records. Survival analysis and multiple Cox regression were performed. The high mortality in the delivery room and in the first day of life among neonates < 1,000g and < 28 weeks gestational age and the absence of survival in neonates < 700g suggest that care was actively oriented towards newborns with better prognosis. Increased risk of neonatal mortality was associated with maternal residence in slum areas, history of previous cesarean(s), history of induced abortion(s), adolescent motherhood, vaginal bleeding, and lack of prenatal care. Cesarean section and referral of the newborn to the hospital nursery showed protective effects. Birth weight less than 1,000g and Apgar index < 7 were associated with increased risk. The high mortality was due to poor living conditions and to maternal and neonatal characteristics. Improvement in prenatal and neonatal care could reduce neonatal mortality in these infants.