Segundo as descrições fonológicas e as normas ortográficas do português, todas as sequências Obstruinte+Líquida constituiriam, nesta língua, sequências tautossilábicas (Ataques ramificados), sendo heterossilábicas todas as restantes sequências C1C2. Porém, aplicando às sequências Obstruinte+Lateral alguns dos critérios que levam à classificação à parte das sequências heterossilábicas - origem histórica e certas manifestações externas do conhecimento fonológico (CF) dos falantes -, verificamos que as sequências Obstruinte+Lateral se comportam frequentemente como as sequências heterossilábicas, sobretudo quando, no tocante às manifestações do CF, se olha a dados obtidos com sujeitos sem conhecimento ortográfico. Esta verificação leva-nos a caracterizar as sequências Obstruinte+Lateral do português europeu como genuinamente heterossilábicas e, paralelamente, a aceitar a interferência do conhecimento ortográfico sobre o conhecimento fonológico dos falantes.
According to the phonological descriptions and the orthographic rules of Portuguese, all Portuguese Obstruent+Liquid clusters are licensed as branching onsets, whilst all the other C1C2 strings are classified as heterosyllabic. Nevertheless, if Obstruent+Lateral clusters are subject to the criteria that keep the heterosyllabic clusters apart - such as their historical origin and certain externally observable aspects of the speakers' phonological knowledge - it becomes apparent that the Obstruent+Lateral clusters share some common features with the heterosyllabic clusters, namely when data from subjects without orthographic knowledge are taken into account. Therefore, we propose that European Portuguese Obstruent+Lateral clusters should be classified as genuinely heterosyllabic. In addition, we accept the influence of orthographic knowledge on the subjects' phonological knowledge.