Uma das estratégias de controle usadas pelos grupos armados no marco da agudização do conflito na Colômbia é o controle e a "gerência" da prostituição (e da sexualidade em geral) nos territórios de dominação. O que significa ser prostituta no contexto de controle armado masculino na Colômbia contemporânea? Quais as possibilidades da vivência dos direitos humanos nas mulheres trabalhadoras sexuais nesse contexto? Essas perguntas surgem da vivência próxima da história da Lady entre os anos 2003 e 2005, e levam, a partir do trabalho de campo realizado em 2007 no município de Puerto Berrío (Colômbia), a uma reconstrução etnográfica do significado da prostituição num contexto de dominação masculina paramilitar. O tráfico de mulheres apresenta-se como o lado feminino do recrutamento e, mesmo que seja relativamente voluntário, termina se configurando numa dinâmica de retenção-punição com altíssimos custos para a experiência feminina.
One of the control strategies used by armed groups as the conflict worsens in Colombia is the control and "management" of prostitution (sexuality in general) in the territories under domination. A sex industry, characterized by violence, fear, manipulation and restricted options, is produced in this situation. What does it means to be a prostitute in the context of armed control in contemporary Colombia? What possibilities do these female sex workers have to exercise their human rights in this context? These questions first arose through our close contact with Lady, "comadre" and friend, between 2003 and 2005. Subsequent field work was conducted in 2007 in Puerto Berrío (central Colombia), aiming at the ethnographic reconstruction of the meaning of prostitution within a paramilitary context of male domination in contemporary Colombia. The traffic of women is shown to be the female part of the recruitment; although the process may be considered relatively voluntary, the final configuration is one of retention-punishment with high costs for the female experience.