OBJETIVO: Verificar se existe desigualdade social em saúde e na utilização dos serviços de saúde entre os idosos de Buenos Aires, São Paulo, Santiago, Havana, Cidade do México e Montevidéu. MÉTODOS: Foram utilizados dados do Projeto Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento na América Latina e Caribe (SABE). Para verificar a presença de desigualdade social em saúde, utilizou-se o modelo probit ordenado, tendo como variáveis dependentes os seguintes indicadores do estado de saúde: atividades de vida diária, atividades instrumentais de vida diária, mobilidade física e estado de saúde auto-avaliado. Para mensurar a desigualdade social na utilização dos serviços de saúde, duas especificações foram testadas: uma para os serviços médicos ambulatoriais (se consultou o médico e quantas vezes consultou) e outra para os serviços de internação hospitalar (se foi internado). Para os cuidados ambulatoriais, estimamos o modelo hurdle binomial negativo, e para os serviços de internação hospitalar, utilizamos um modelo logit. RESULTADOS: Os principais resultados sugerem a presença de desigualdade social em saúde em todas as cidades, favorável aos grupos socioeconômicos privilegiados. Essa diferença foi menor em Havana, Buenos Aires e Montevidéu e mais acentuada em São Paulo e na Cidade do México. Quanto à utilização dos serviços de saúde, detectamos a presença de desigualdade no uso de serviços ambulatoriais em Santiago, na Cidade do México e em São Paulo. Em Santiago e na Cidade do México, quanto maior o nível educacional, maior o número esperado de consultas. Em São Paulo, o oposto foi observado. Para os serviços de internação hospitalar, a presença de desigualdade foi detectada apenas em São Paulo, favorecendo os grupos mais escolarizados. CONCLUSÃO: Os presentes resultados refletem, em certa medida, as características socioeconômicas e demográficas dos países de cada cidade estudada. As cidades dos países que apresentam os piores indicadores sociais (elevada desigualdade de renda e baixo índice de desenvolvimento humano) tenderam a apresentar as maiores desigualdades em saúde e na utilização dos serviços de saúde.
OBJECTIVE: To learn if there is social inequality in health and in the utilization of health services among the elderly in six cities of Latin America: Buenos Aires, Argentina; São Paulo, Brazil; Santiago, Chile; Havana, Cuba; Mexico City, Mexico; and Montevideo, Uruguay. METHODS: This study used data from a project called Health, Well-being, and Aging in Latin America and the Caribbean (known as the "SABE project"). To investigate the presence of social inequality in health an ordinal probit model was used, with health status indicated by the following dependent variables: activities of daily living, instrumental activities of daily living, physical mobility, and self-rated health. To measure social inequality in the utilization of health services two characteristics were assessed: one for outpatient medical services (whether or not individuals received outpatient care, and how many times), and one for hospital admissions (whether or not individuals were hospitalized). For outpatient services, we estimated a negative binomial hurdle model, and for hospital admissions, a logit model was constructed. RESULTS: Our main results suggest the presence of social inequality in health in all the cities, with better-off socioeconomic groups having better health. The difference in health was less marked in Havana, Buenos Aires, and Montevideo, and it was more pronounced in São Paulo and Mexico City. With respect to the utilization of health services we found inequalities in the use of outpatient services in Santiago, Mexico City, and São Paulo. In Santiago and Mexico City, more schooling was associated with a higher number of expected outpatient medical visits; however, the opposite was found in São Paulo. For hospital admissions, inequality was found only in São Paulo, with individuals with more years of schooling being much more likely to be hospitalized. CONCLUSION: To a certain extent, our results reflect the socioeconomic and demographic characteristics of the countries in which each of the six cities is located. The cities in the countries with the worst social indicators (high income inequality and low human development index) tended to have the greatest inequalities in health and in the utilization of health services.