OBJETIVO: Comparar a autopercepção corporal e o estado nutricional objetivamente medido por meio de peso, altura e pregas cutâneas em adolescentes e avaliar os fatores associados à discordância entre essas duas medidas. MÉTODOS: A amostra incluiu os membros da coorte de nascimentos de 1993 na Cidade de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, que foram visitados em seus domicílios em 2004 e 2005. O desfecho em estudo resultou da comparação entre o estado nutricional e a percepção que os adolescentes tinham de seu peso corporal, sendo dividido em três categorias: subestimação, concordância e superestimação. As variáveis explanatórias foram sexo, cor da pele, índice de bens, sedentarismo, dieta inadequada, discriminação, regime para emagrecimento e sentimento de bem-estar e opinião do adolescente sobre como os pais percebiam o corpo desse adolescente. Para as análises estatísticas, empregou-se regressão logística multinomial. RESULTADOS: Foram entrevistados 4 452 indivíduos (87,5% da coorte original). A média de idade foi de 11 anos. De acordo com o estado nutricional, 7,1% foram classificados como magros, 69,8% como eutróficos, 11,6% com sobrepeso e 11,6% com obesidade. Com relação ao peso percebido, 19% dos jovens se achavam magros ou muito magros, 56% se sentiam normais quanto ao peso e 25% se consideravam gordos ou muito gordos. A concordância global entre a autopercepção corporal do adolescente e seu estado nutricional foi de 65% (kappa = 0,36). A subestimação foi de 24,9% entre meninos vs. 20,3% entre meninas. A superestimação foi de 15,8 % entre meninas vs. 8,5% entre meninos. CONCLUSÃO: Houve tendência de as meninas superestimarem o seu peso corporal e de os meninos subestimarem o mesmo. Detectou-se também forte associação entre a opinião que os adolescentes acreditam que os pais têm de si e a autopercepção de estado nutricional dos adolescentes.
OBJECTIVE: To compare weight self-perception and nutritional status based on objective measurements of weight, height, and skin folds in adolescents, and to evaluate factors associated with disagreement between these measures. METHODS: The sample included the 1993 birth cohort from the city of Pelotas, Brazil, who were interviewed at home in 2004 and 2005. The study outcome resulted from the comparison between nutritional status and the weight self-perception of adolescents, and was divided into three categories: underestimation, agreement, and overestimation. The explanatory variables were sex, skin color, accumulated goods index, physical activity, eating habits, discrimination, dieting, feeling of well-being, and opinion of the adolescent concerning the perception of his/her parents regarding the adolescent's weight. Multivariate logistic regression was used for statistical analysis. RESULTS: A total of 4 452 interviews were conducted (87.5% of original cohort). Mean age was 11 years. The analysis of nutritional status revealed that 7.1% were underweight, 69.8% normal weight, 11.6% overweight, and 11.6% obese. The analysis of self-perceived weight revealed that 19% saw themselves as thin or very thin, 56% believed their weight was normal, and 25% saw themselves as fat or very fat. Global agreement between weight self-perception and nutritional status was 65% (kappa = 0.36). Weight underestimation occurred in 24.9% of boys vs. 20.3% of girls. Overestimation occurred in 15.8% of girls vs. 8.5% of boys. CONCLUSIONS: Girls tended to overestimate their weight, and boys, to underestimate it. There was a strong association between the opinion of adolescents concerning their parents' view of the adolescent's body and self-perceived weight.