OBJETIVO: Estimar a concentração de chumbo em colostro humano e verificar a existência de relação entre esse dado, consumo alimentar e fatores socioeconômicos das puérperas. MÉTODOS: Estudo transversal com 80 puérperas de uma maternidade de Goiânia, Brasil, realizado de julho a dezembro de 2008. Aplicou-se um questionário socioeconômico e de estilo de vida, além do questionário de frequência de consumo alimentar. Posteriormente, foram coletadas amostras de colostro, analisadas por espectrometria de absorção atômica por chama para quantificar o chumbo. Calculou-se a correlação entre o teor de chumbo, as variáveis socioeconômicas e o consumo alimentar. RESULTADOS: A média da concentração de chumbo foi 6,88 μg/L, e a mediana foi 4,65 μg/L. Os aspectos socioeconômicos não apresentaram associação significativa com o teor de chumbo. A ingestão de ácidos graxos saturados, ovos, carnes suínas, frango e derivados (todos com valores de r = -0,26 e P = 0,020) correlacionou-se inversamente ao teor chumbo do colostro humano, ao passo que a ingestão de abóbora (r = 0,26 e P = 0,019) e berinjela (r = 0,27 e P = 0,015) correlacionou-se proporcionalmente ao valor obtido. A correlação entre abóbora cozida, ovos, carnes suínas, de frango e derivados foi mantida após ajuste na regressão logística. CONCLUSÕES: Foi detectada presença de chumbo no colostro materno, possivelmente como resultado da exposição dietética das puérperas deste estudo. Além da correlação entre presença de chumbo e consumo alimentar, os resultados sugerem que a ingestão de nutrientes específicos pode propiciar maior ou menor concentração desse contaminante, sem relação direta com fatores socioeconômicos.
OBJECTIVE: To estimate the levels of lead in human colostrum and investigate whether they are correlated with dietary intake and socioeconomic factors in puerperal women. METHOD: This cross-sectional study was carried out with 80 puerperal women from a maternity hospital in Goiânia, Brazil. Data were collected between July and December 2008. A questionnaire was used to collect socioeconomic and lifestyle information. A dietary intake frequency questionnaire was also applied. After that, colostrum samples were collected and analyzed using flame atomic absorption spectrometry to quantify lead levels. The correlation between lead levels, socioeconomic variables, and dietary intake was calculated. RESULTS: The mean concentration of lead in colostrum samples was 6.88 μg/L, and the median concentration was 4.65 μg/L. There was no association between socioeconomic aspects and lead levels. The intake of saturated fatty acids, eggs, pork meats, chicken, and chicken products (r = -0.26 and P = 0.020) was inversely correlated with the levels of lead in human colostrum, whereas the intake of squash (r = 0.26; P = 0.019) and eggplant (r = 0.27; P = 0.015) was positively correlated with the levels of lead. The correlation observed for cooked squash, eggs, pork and chicken meats, and chicken products was maintained after logistic regression adjustment. CONCLUSIONS: The presence of lead was detected in human colostrum in this sample, probably as a result of dietary exposure. In addition to a correlation between presence of lead and dietary intake, the present findings suggest that specific nutrients may result in increased or decreased levels of lead, without a direct relationship with socioeconomic factors.