O estudo das controvérsias é uma ferramenta metodológica para o conhecimento das dimensões sociais e políticas da ciência. O tema dos alimentos orgânicos pode ser compreendido e explorado a partir dessa abordagem. O objetivo deste artigo foi analisar as controvérsias referentes ao status do alimento orgânico. A pesquisa foi realizada com base em referências a partir de 1990, citadas nos sites da International Foundation for Organic Agriculture, da Soil Association e da Food and Agriculture Organization. Foram identificadas controvérsias acerca 1) das repercussões sobre a saúde humana da existência de contaminantes químicos nos alimentos orgânicos; 2) da qualidade dos alimentos orgânicos em comparação aos convencionais; e 3) da temática referente ao preço dos alimentos orgânicos. O artigo conclui que, embora os alimentos orgânicos se destaquem por sua baixa toxicidade, maior durabilidade e teor de alguns nutrientes em alguns alimentos, mais estudos comparativos devem ser realizados para comprovar a superioridade do seu valor nutricional e para que as controvérsias se dissolvam. E preciso contextualizar a discussão em um amplo espectro de promoção da saúde, no qual a produção orgânica aparece vinculada ao fomento ao pequeno agricultor, à biodiversidade e ao desenvolvimento local sustentável, de modo a garantir o aumento da demanda e da oferta de produtos orgânicos a preços justos para consumidores individuais e institucionais.
The study of controversies is a methodological tool that generates knowledge about the social and political dimensions of science. This approach can be used to understand and explore the topic of organic foods. The present study aimed to analyze the controversies regarding the status of organic foods. We carried out a review of studies published since 1990 in three websites: International Foundation for Organic Agriculture, Soil Association, and Food and Agriculture Organization. The following controversies were identified: 1) effects on human health of the presence of chemical contaminants in organic foods; 2) the quality of organic foods as compared to conventionally grown foods; and 3) price of organic foods. Based on this review, it is possible to conclude that, even though organic foods stand out for their low toxicity, higher durability, and nutritional content of some items, more comparative studies are required to confirm the nutritional superiority of organic foods and to solve the controversies. The discussion must be contextualized within a broad spectrum of health promotion, in which organic farming appears associated with the support for small farming, biodiversity, and local sustainable development, so as to increase offer and demand for organic products at fair prices for individual and institutional consumers.