As regiões do Médio e Alto Rio Negro, apesar de serem isoladas da malha de comunicação terrestre e das frentes de colonização, caracterizam-se por uma articulação cada vez mais forte entre a área florestal, a das comunidades, e a urbana, ou seja, as pequenas cidades ribeirinhas. Esta complementaridade, temporária ou definitiva, se traduz por uma expansão da agricultura periurbana. Propomos uma abordagem comparativa da diversidade agrícola entre o urbano e o florestal. Analisamos as relações entre formas de manejo dos espaços cultivados (superfícies, ciclo de uso e práticas), plantas cultivadas e redes sociais envolvidas no acesso aos recursos fitogenéticos. A análise mostra uma recomposição dos sistemas agrícolas com a permanência de uma alta diversidade agrícola, porém marcada por uma maior vulnerabilidade do sistema em decorrência da diminuição do tempo de pousio e da diminuição da força de trabalho disponível. No contexto urbano, as estratégias tradicionais de manejo dos recursos agrícolas se combinam a um outro objetivo, o do acesso à terra. A análise aponta para a necessidade de uma reflexão sistémica sobre as possíveis formas de conservação deste patrimônio biocultural.
Despite its isolation from land communications networks and colonization frontiers, the regions of the Upper and Middle Negro River are characterized by increasing connectivity between rural or forest areas, pertaining to communities, and urban areas, i.e. small towns along the river. Population movement between these two poles, on a temporary or permanent basis, results in expanded periurban agriculture, in the context of new social and ecological arrangements. A comparative approach is proposed to cultivated plants diversity, based on a sample of 14 and 18 families in these urban and forest contexts. Relations among the diversity of managed spaces, biological diversity and social networks involved in access to phytogenetic resources were analyzed. The analysis shows a recomposition of agricultural systems with high crop diversity, at times higher than in the context of forests, albeit subject to more system vulnerability due to reduced fallow periods and available manual labor. In urban areas, traditional agricultural resource management strategies are combined with another objective, farmed lands access. This analysis also points out the need for reflection about the conservation of a biocultural heritage.