Após uma breve revisão bibliográfica sobre arqueoastronomia e etnoastronomia, o artigo analisa algumas obras do final do século XIX que trazem informações sobre a etnoastronomia de índios brasileiros. Estes relatos são de autoria do naturalista canadense Charles Frederick Hartt (1840-1878) e do polimata brasileiro José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898). Embora moldados pelas cosmovisões dos seus autores e pelas teorias científicas da etnologia da época, registram uma pequena fração dos sistemas de conhecimento indígenas sobre a natureza, seus mitos celestes, constelações e calendários. Os autores são contemporâneos e se corresponderam, mas registraram de forma independente alguns conhecimentos comuns aos povos que falavam uma língua tupi.
After a brief bibliographical review of Archaeoastronomy and Ethnoastronomy, the paper discusses some works of the late 19th century that contain information on the Ethnoastronomy of Brazilian Indians. These accounts were written by the Canadian naturalist Charles Frederick Hartt (1840-1878) and by the Brazilian polymath José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898). Although shaped by the worldviews of their authors and the scientific ethnological theories of that time, they record a small fraction of the indigenous knowledge systems about nature, celestial myths, constellations and calendars. The authors were contemporaries, and corresponded to each other; nevertheless they independently recorded some common knowledge from peoples who spoke a tupi language.