Objetiva-se descrever e discutir a formação do vínculo terapêutico entre uma criança com diagnóstico de autismo infantil e sua psicoterapeuta. Trata-se de um estudo de caso que utiliza o método clínico-qualitativo, apoiando-se em autores e textos de orientação psicodinâmica. Discute-se e analisa-se o material clínico proveniente da história de vida de uma criança de oito anos de idade, e da psicoterapia lúdica realizada semanalmente, por 16 meses, em um ambulatório público. São comentados alguns aspectos que foram fundamentais para a formação do vínculo, a saber: a configuração do setting terapêutico, o processo de discriminação eu/não-eu, o processo de construção da identidade da criança, a função de holding materno assumida pela psicóloga. O acolhimento da terapeuta foi fundamental para a psicoterapia e para o desenvolvimento psicológico do paciente, permitindo que a criança estabelecesse e desenvolvesse algum tipo de vínculo afetivo.
The purpose of this study is to describe and discuss the therapeutic relationship between a child diagnosed with infantile autism and the psychotherapist. This is a case study that used the clinical-qualitative method and supported from psychodynamically-oriented authors and texts. The clinical material obtained from the eight year-old child's life history and the weekly play therapy conducted over a period of 16 months was discussed and analyzed. An analysis was performed about the therapeutic setting, the "I/not I" discrimination process, the identity construction process, the patient-therapist relationship, and the function of maternal holding. The fact that a child with autism could establish and develop a relationship with the psychotherapist was fundamental to psychotherapy and psychological development.