Ao delinear os parâmetros para uma antropologia da arte, o famigerado livro de Alfred Gell, Art and Agency, deixou de lado boa parte da antropologia, o que coloca algumas questões tão embaraçosas quanto pouco tratadas: pode-se fazer boa teoria sem contar com o acúmulo de conhecimento nessa área? Ou os temas recebem tratamento tão díspar que realmente não faz sentido falar mais em princípios teóricos comuns que podem e devem ser aplicados a qualquer objeto? O que perdemos com uma narrativa tão autocentrada? Partindo do pressuposto de que não é possível tratar teoria enquanto um conjunto de máximas que se somam ou se substituem, ou como um tabuleiro de peças que se acomodam umas às outras segundo sua validade isolada, este artigo procede a um exame da narrativa contida no livro de Gell, das articulações que realiza entre suas proposições. Examinarei, sobretudo, a leitura que faz dos autores que cita, como Peirce, Sally Price, e outros, e como os encaixa na sua argumentação. O objetivo desse exercício é evidenciar, para além de suas próprias definições, certas concepções sobre arte contidas na abordagem que Gell sugere e ampliar as referências para uma antropologia da arte.
While delineating the parameters for anthropology of art, the famous Alfred Gell's book, Art and Agency, left apart most of the anthropology authors, what arises some embarrassing and rarely dealt with questions: is it possible to produce good theory with no references to achieved knowledge in this particular field? The subjects within anthropology are so differently undertaken that doesn't make any sense to refer to common ways of approaching them? What exactly we loose which a narrative so self centered? Is my point of view that theory cannot be treated like a list of sentences that can be added to one another according to its isolated importance. This article proposes an analysis of Alfred Gell's narrative, of how he connects its propositions. I will examine, overall, his readings, the authors he quotes, like Peirce, Sally Price and others, and how he fits them on his argumentation. The objective of this exercise is to put in evidence some conceptions about art contained in his formulations, not only in his own definitions, and to enlarge the range within which we consider references to build anthropology of art.