Este artigo tem como objetivo investigar como a categoria dom e seus significados interagem com a construção sociocultural do fenômeno futebol. A categoria foi trabalhada a partir da sua relação com a magia e a fé, necessárias num ambiente tão supersticioso como o do futebol brasileiro. A validação do dom enquanto objeto imperativo à compreensão dos êxitos e fracassos no futebol é algo compartilhado não só pelos jogadores, como também pela imprensa esportiva e pelos torcedores. A eficácia simbólica do dom é validada em ato mágico ao ser compartilhada e aceita por seus próprios criadores e consumidores, a ponto de transformar o rico contexto de aprendizado para o futebol, vivido no Brasil, em um simples golpe da sorte: nascer ou não com o dom.
This paper aims at investigating how being gifted, as a category for classifying football players, interacts with the sociocultural construction of the sporting phenomenon. The category and its meanings were analyzed in relation to magic and faith, since the Brazilian football environment is very superstitious. Football players and fans and also the press usually attribute success and failure in the sport to being gifted. The symbolic efficacy of the natural ability is validated as it is accepted and conveyed by its own creators and consumers as a magical fact. That sense causes them to signify the rich Brazilian context of learning how to play football as a matter of luck: players are either gifted or non-gifted.