Ao contrário do que se encontra na literatura internacional, em nosso país a defesa da intervenção governamental para promoção da atividade industrial está, via de regra, associada à necessidade de melhoria de nossas contas externas. Este artigo discute possíveis elos entre política industrial e comércio exterior, centrando em argumentos comumente encontrados no debate de crescimento e de apoio à indústria no Brasil. Discutiremos a racionalidade destes argumentos, tanto do ponto de vista macroeconômico quanto microeconômico, e mostraremos que enquanto no primeiro caso há graves inconsistências lógicas e teóricas, no segundo, a evidência é amplamente desfavorável ou os argumentos em geral não se aplicam. Discutiremos também se experiências internacionais de crescimento rápido (e de expansão de comércio exterior) podem ser creditadas a políticas industriais e se estas podem ser facilmente reproduzidas no País. Nosso diagnóstico aqui também é pessimista.
In contrast to the international literature, in Brazil, the defense of public intervention for the promotion of industrial activity is very often associated to the improvement of our external accounts. This article exa-mines possible links between trade policy and industrial policy. It discusses the rationality of macro and micro arguments and shows that, in the one hand, there is serious theoretical and logical flaws in the defense of industrial policy as a devise to increase trade surplus. On the other hand, from the micro standpoint, there is no firm evidence supporting this type of intervention and the theoretical arguments do not apply. The article also studies the international experience and argues that it is doubtful if the fast growth and the expansion of the flow of international trade observed in Korea, for instance, were caused by industrial policy.