A prática de atividade física implica alterações da homeostase hidroeletrolítica, que podem trazer impactos adversos ao desempenho do indivíduo e, talvez, à saúde, caso os líquidos corporais perdidos no suor são sejam suficientemente repostos. A eficiência da hidratação depende também do esvaziamento gástrico, que, por sua vez, é influenciado por vários fatores, dentre os quais a temperatura da solução ingerida. Este estudo objetiva analisar criticamente os procedimentos de reposição de líquidos adotados por praticantes de atividade física e discutir como o efeito da temperatura do líquido sobre o esvaziamento gástrico influencia esse comportamento de hidratação. Verificou-se que estudos relacionados ao tema apresentavam resultados conflituosos, que se devem, provavelmente, aos diferentes procedimentos metodológicos utilizados. Em condições de exercício, são insuficientes os trabalhos que avaliam a temperatura do líquido no trato gastrintestinal. Durante o repouso, observa-se que os efeitos de temperaturas extremas, considerando o tempo total de esvaziamento gástrico, não são significantes, uma vez que a temperatura intragástrica após a ingestão da bebida normaliza-se rapidamente. Contudo, existem evidências científicas claras de que o consumo de bebidas geladas aumenta o esvaziamento gástrico nos primeiros minutos após a ingestão. Este fato deve ser melhor estudado, quando associado a outros fatores pré-competição, como o estado psicológico do atleta. Entretanto, baixas temperaturas melhoram a palatabilidade da solução, implicando maior ação de hidratação pelos atletas, diminuindo o risco de desidratação. Os efeitos da baixa temperatura sobre o esvaziamento gástrico não são determinantes, tendo a reposição de líquidos fatores de intervenção mais relevantes do que a temperatura.
Physical activity implies in changes to the water and electrolyte homeostasis which may result in adverse effects on performance and possibly on health if the body liquids lost by sweating are not completely replaced. Hydration efficiency also depends on gastric emptying, which is affected by several factors, including the temperature of the ingested liquid. The objective of this study was to critically assess the fluid replacement practices used by individuals who practice physical activities and discuss how the effect of liquid temperature on gastric emptying influences this hydrating behavior. Studies on the theme have found contradicting results, probably due to the different methods used. The studies that investigate liquid temperature in the gastrointestinal tract during exercise are limited. Considering the total gastric emptying time during rest, extreme liquid temperatures have no significant effect on the total gastric emptying time, since the temperature inside the stomach normalizes quickly after ingestion of the liquid. However, there are clear scientific evidences that the ingestion of ice-cold liquids increases gastric emptying in the first minutes after ingestion. This fact needs to be better investigated when it is associated with other pre-competition factors, such as the psychological state of the athlete. However, low temperatures improve the palatability of the drink, implying in greater consumption by the athletes and reducing the risk of dehydration. The effects of low temperature on gastric emptying are not decisive, since fluid replacement has intervention factors that are more relevant than temperature.