OBJETIVO: Analisar a proporção de insegurança alimentar domiciliar entre a população beneficiária de programas de transferência de renda e os fatores relacionados a essa condição. MÉTODOS: Estudo de delineamento transversal, cuja amostra foi constituída por 421 famílias beneficiárias, residentes no município de Toledo, Paraná. Os dados foram coletados entre setembro de 2006 e fevereiro de 2007, em entrevistas domiciliares, por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar e do Questionário de Classificação Econômica, ambos incluídos em questionário sociodemográfico. Para análise das variáveis, foram aplicados os testes de Qui-quadrado, razão de chances, regressão logística multivariada. RESULTADOS: A insegurança alimentar esteve presente em 74,6% dos domicílios, 5,9% na forma grave e 23,8% moderada. Segundo o teste de Qui-quadrado, as variáveis independentes que mostraram associação com a insegurança foram renda per capita, classe econômica D ou E, presença de menores de 18 anos, 7 ou mais membros no domicílio, baixa escolaridade e desemprego ou trabalho informal do chefe. Na regressão logística multivariada, considerando a variável dependente a condição de segurança alimentar/insegurança leve, mantiveram-se associadas à insegurança moderada/grave a classe econômica D/E (OR=2,88), presença 5/6 moradores (OR=2,90) e 7 ou mais (OR=3,05), trabalho informal ou desemprego do responsável pelo domicílio (OR=1,87). CONCLUSÃO: O fato de a transferência de renda ainda deixar em situação de insegurança alimentar um contingente grande de beneficiários (74,6%) é explicado pela extrema condição de vulnerabilidade social a que essa população está submetida. Os resultados deste estudo sugerem a necessidade de políticas públicas multissetoriais, com enfoque prioritário para geração de emprego e de renda.
OBJECTIVE: This study analyzed the rate of food insecurity among recipients of government assistance and other factors associated with their conditions. METHODS: This cross-sectional study included 421 families from the municipality of Toledo, Paraná State, receiving government assistance. Data was collected from September/2006 to February/2007 during home interviews using the Brazilian Food Insecurity Scale, Economic Classification Questionnaires and other sociodemographic indicators. Variables were analyzed by the chi-square test, odds ratio and multivariate logistic regression. RESULTS: Most (74.6%) of the households experienced moderate (23.8%) to severe (5.9%) food insecurity. According to the chi-square test, the independent variables associated with food insecurity were per capita income, socioeconomic classes D or E, family members under 18, 7 or more people living in the household, low education level and head of family unemployed or doing informal work. According to multivariate logistic regression and considering mild food insecurity a dependent variable, the variables that remained associated with moderate and severe food insecurity were socioeconomic classes D or E (OR=2.88), 5 to 6 people living in the household (OR=2.90) or 7 or more (OR=3.05), and head of family unemployed or doing informal work (OR=1.87). CONCLUSION: The extreme social vulnerability of recipients of government assistance explains the high rate (74.6%) of food insecurity in this population. The results of this study suggest the need of job creation programs.