OBJETIVO: Comparar hábitos alimentares e comportamento de consumo de crianças de diferentes níveis de renda familiar de Florianópolis (SC), Brasil, relacionando-os com o hábito de assistir à televisão. MÉTODOS: Estudo qualitativo com análise de conteúdo de manuscritos originados de 23 grupos focais, realizados em uma escola pública e uma escola particular de Florianópolis (SC), compostos por 111 estudantes de 7 a 10 anos. Para verificar a renda familiar dos estudantes, dados sobre a ocupação dos pais foram classificados pela Classificação Brasileira de Ocupações. Os estudantes da escola particular pertenciam a famílias de maior renda em relação aos da escola pública. RESULTADOS: Nas duas escolas, a maioria das crianças entrevistadas referiu assistir à televisão sempre que possível, sem sentir controle dos pais sobre esse hábito. Além disso, afirmaram ter dinheiro para gastos independentes e vontade de comprar os produtos anunciados nas propagandas de televisão. Estudantes da escola pública relataram ingerir e adquirir guloseimas mais frequentemente e ter maior liberdade para fazer compras do que os estudantes da escola particular, que revelaram sentir-se controlados pelos pais em relação aos seus hábitos alimentares e compras realizadas. CONCLUSÃO: O fato de os estudantes da escola particular sentirem-se mais controlados por seus pais pode ter reduzido uma provável influência da televisão sobre seus hábitos alimentares e de compras. Evidencia-se a importância da formulação de estratégias para auxiliar os pais a reduzirem os efeitos da televisão sobre os hábitos de seus filhos e de políticas públicas que incentivem o consumo saudável, além da regulamentação do marketing de alimentos pouco nutritivos para o público infantil.
OBJECTIVE: This study compared the eating habits and consumer behavior of children from different socioeconomic levels from Florianópolis (SC), Brazil, and investigated their relationship with television viewing habits. METHODS: The present qualitative study analyzed the transcriptions taken during 23 focus groups done in one public and one private school of Florianópolis (SC). The groups consisted of 111 students aged 7 to 10 years. The students' household income was estimated by parental occupation and classified according to the Brazilian Occupation Classification. The households of private school students had higher income than those of public school students. RESULTS: In both schools, most interviewed children reported watching television whenever possible, not perceiving parental control over this habit. Children also mentioned having spending money and the wish to buy products advertised on television ads. The students from the public school reported buying and consuming sweet and savory snacks more often, and having greater freedom to shop than their private school counterparts, who reported feeling greater parental control on their eating and purchase habits. CONCLUSION: The perception of greater parental control may have reduced the influence of television on the spending and eating habits of private school children. The study highlights the importance of formulating strategies that help parents to reduce the impact of television on their children's habits and public policies that encourage healthy food choices. Advertising of unhealthy foods for children should also be regulated.