Este trabalho analisa como a reação do governo chinês à crise financeira global afetou a América Latina, particularmente o Brasil. A despeito das intenções de reorientação do seu modelo de crescimento, a resposta chinesa à crise reforçou, pelo menos a curto e médio prazos, a dependência das exportações e dos investimentos. Em um quadro de lenta recuperação das economias centrais, passa ganhar destaque o acesso a mercados mais dinâmicos, como os países emergentes. Assim, para além do papel de fornecedora de recursos naturais, as economias latino-americanas passam a ter uma importância renovada como destino das exportações de manufaturas e capitais chineses. Países com estruturas produtivas mais maduras e diversificadas, como o Brasil, irão deparar-se com o risco de um processo de regressão em seus padrões de especialização.
This paper analyses how China's response to the global financial crisis (GFC) has affected Latin American countries, particularly Brazil. We argue that, despite the intentions of a growth model re-orientation, Chinese policymakers' response to the GFC, at least in the short and medium terms, will reinforce the previous reliance on exports and investments. Considering the sluggish recovery in advanced economies, that strategy will amplify Chinese pressures to access dynamic domestic markets in emerging countries. In this context, Latin America will represent not only a source of natural resources, but also an increasingly important market for Chinese manufactured products. As a result, countries with more diverse productive might experience a regressive pattern of specialization.