A partir da análise de situações de trabalho, observa-se que a gestão do trabalho não é responsabilidade do indivíduo, mas das entidades coletivas relativamente pertinentes. São elas que possibilitam as renormatizações, construindo negociações de modo que as renormatizações não ocorram em um movimento individualista, mas na sinergia da construção de um patrimônio histórico. São retomadas reflexões realizadas em dois serviços de um hospital público no Brasil e, com uma perspectiva ergológica, discute-se que essas entidades coletivas não são previamente estabelecidas, pois emergem do debate de normas e de valores que acontecem no desenvolver das atividades. No serviço de marcação de exames e no serviço de enfermaria, as normas correspondem simultaneamente a normas relativas aos procedimentos e à organização do trabalho, mas também dizem respeito ao tratamento singular de situações específicas dos pacientes que colocam em debate valores sem escala de medida (do bem comum) e valores mensuráveis (mercantis). O processo que se dá tem consequência tanto para o trabalho de gerentes e trabalhadores dos serviços quanto para o do interventor-ergologista, para os quais compreender melhor em conjunto a interrelação entre esses valores e como melhor trabalhar com eles no processo de gestão torna-se uma tarefa primordial.
From the analysis of work situations, it is observed that the management of work is not the responsibility of the individual but of relatively pertinent collective entities. They are what enable the renormalizations, building talks so that the renormalizations do not occur in an individualistic movement, but in the synergy of the construction of a historical heritage. Reflexions concerning two services of a public hospital in Brazil are retaken and, with an ergological perspective, it is discussed that these collective entities are not predetermined, as they emerge from the debates of norms and values that occur in developing activities. In the service of marking of exams and the ward service, the norms correspond simultaneously to norms related to procedures and organization of work, but they also correspond to the singular treatment of specific situations of the patients who pose a debate without measurement scale (the common good) and measurable values (market). The process that happens has consequences in the work of managers and workers of the services, and also the work of the intervener-ergologist, for whom it's a primary task to better understand collectively the interrelationship of these values and how to better work with them in the management process.