A partir de fragmentos do caso clínico de uma criança autista, pretende-se, neste artigo, interrogar o saber psicanalítico, em particular, os conceitos de linguagem, significante e objeto. No caso clínico citado, a direção do tratamento se deu pela escuta do analista dos "elementos verbais" apresentados pela paciente, o que propiciou, ao longo das sessões, a construção de um determinado "termo verbal". A hipótese sustentada é a de que esse termo operou, no percurso do tratamento, como algo da ordem de um "significante privilegiado" tal qual formulado por Lacan (1985[1972-1973]). Este termo específico foi articulado pela paciente, em função de um saber-fazer próprio com a linguagem, ocorrendo não sem uma modalização do gozo, abrindo a possibilidade do surgimento do olhar, na via da construção das bordas corporais.
Based on fragments of the clinical case of an autistic child, this paper intends to question the psychoanalytic knowledge, in particular, the concepts of language, significant and object. In this case study, the direction of the treatment took place in accordance to the analyst's listening of the "verbal elements" presented by the patient, which resulted, during the sessions, in the construction of a particular "verbal term". The hypothesis supported is that this term has operated, in the course of treatment, as something similar to a "privileged significant" as formulated by Lacan (1985[1972-1973]). This specific term was articulated by the patient, according to her own know-how towards the language, not without a place of jouissance modalization, opening the possibility of the emergence of the look, with the construction of the edges of the body.