A assinatura numa petição coletiva foi uma importante forma de atividade política durante a monarquia constitucional portuguesa. Muitas petições foram assinadas por mulheres. Essa participação feminina provocou debates públicos acerca do seu significado, constituindo e reconstituindo os contornos delimitadores da possibilidade de uma cidadania política feminina. Durante as décadas de 1850 e 1860, a presença feminina nas petições coletivas chegou a ser significativa e polémica, mas a partir da crise política de 1867-1870 as mulheres deixaram de aparecer nas listas de assinaturas. As rúbricas femininas só viriam a reaparecer na década de 1890, associadas ao movimento de laicização, ao catolicismo político, ao republicanismo, e ao movimento operário, mas num contexto de crise do liberalismo em que, também em Portugal, o direito de petição havia perdido o estatuto privilegiado de que havia disfrutado na esfera pública burguesa.
Signing a collective petition was an important way of taking part in politics during Portugals constitutional monarchy. Many women signed petitions, thereby exercising a political right. Women petitioners provoked public discussions that brought their political status into the open, advancing the possibility of feminine citizenship. During the 1850s and 1860s, womens use of the right to petition was visible and hotly debated, but during the 1867-70 political crisis women were stopped from taking part in petitions. Signatures of women reappeared only in the 1890s, hand-in-hand with the workers movement, catholic and anticlerical mobilization, and republicanism. Meanwhile, those were times of crisis for liberalism, and the right to petition had already lost the favored, high profile status it once had within the bourgeois public sphere.