O artigo pretende contribuir para o debate teórico sobre a infância como geração, à luz das transformações sociais associadas ao uso das novas tecnologias por crianças e adultos. Tem por base empírica um inquérito por questionário a alunos do ensino básico e um conjunto de entrevistas em profundidade a crianças e pais. Os resultados põem em questão tanto a conceção das crianças como o elemento dominado nas relações de poder e saber entre gerações, como o determinismo tecnológico que as elege como nativos digitais, realçando a importância do contexto familiar, nomeadamente as clivagens sociais.
The article contributes to the theoretical debate around childhood as a generation, in view of the social changes brought about by the use of information and communication technologies by children and adults. It is based on a questionnaire survey to students in elementary education and on in-depth interviews with children and parents. The findings challenge both the notion of children as the dominated side in power/knowledge relations between generations and the technological determinism that sees them as digital natives, by highlighting the key role of family background, namely social divides.