O espelho de Próspero é um passo a mais na paixão latino-americanista que une autores tão diversos como Darío, Martí, Rodó, Mariátegui, Manoel Bonfim, Sérgio Buarque de Holanda ou Gilberto Freyre - toda uma linhagem, enfim, a conceber o espaço fantástico de uma "outra" América, pensada ou sentida no contraste com o grande irmão do Norte. O espelho norte-americano refunda, desde o século XIX, a geografia shakespeariana que impressionou Sérgio Buarque e que porventura o assombraria enquanto concebia, na aventura do exílio, Raízes do Brasil. Embora esse ensaio clássico não seja explicitamente referido n'O espelho de Próspero, parece razoável supor que o livro de Richard Morse seja uma espécie de reescritura de Raízes do Brasil, capaz de radicalizar a promessa ibero-americana que brilha, também, no horizonte de Sérgio Buarque de Holanda.
Prospero's Mirror is one further step in the Latin Americanist Passion that brings together authors such as Darío, Martí, Rodó, Mariátegui, Manoel Bonfim, Sérgio Buarque de Holanda and Gilberto Freyre - a whole lineage of writers who delineate the fantastic space of "another" America, thought of, and felt, in contrast to her northern big brother. Beginning in the 19th century, a North American mirror reshapes the Shakespearean geography which impressed Sérgio Buarque de Holanda, and which would haunt him while he composed Raízes do Brasil in exile. Even though Holanda's classic book is not explicitly used in Prospero's Mirror, one can think that Morse's own book is a sort of re-writing of Raízes do Brasil, going into more depth in the Ibero-American promise that also shines in Buarque de Holanda's horizon.