首页    期刊浏览 2024年09月18日 星期三
登录注册

文章基本信息

  • 标题:Um século de cólera: itinerário do medo
  • 其他标题:A century of cholera: an itinerary of fear
  • 本地全文:下载
  • 作者:Santos, Luiz Antonio de Castro
  • 期刊名称:Physis: Revista de Saúde Coletiva
  • 印刷版ISSN:0103-7331
  • 出版年度:1994
  • 卷号:4
  • 期号:1
  • 页码:79-110
  • DOI:10.1590/S0103-73311994000100005
  • 语种:Portuguese
  • 出版社:Instituto de Medicina Social da UERJ
  • 摘要:

    A sociologia histórica tem no método comparativo uma de suas ferramentas de trabalho imprescindíveis. Ao focalizar um século de epidemias de cólera em alguns países, o autor procurou demonstrar como um mesmo fenômeno histórico-social, estudado comparativamente, revela contrastes marcantes em seu impacto sobre a cultura, a sociedade e a política, em distintos lugares e através do tempo. Por exemplo, os diferentes processos de formação do Estado nacional marcaram profundamente a natureza dos aparelhos administrativos em países diversos, levando cada nação a desenvolver organizações sanitárias diferenciadas e modos diferenciados de combate às epidemias de cólera. Por outro lado, a análise histórico-comparativa permite entrever, no interior de cenários dissimilares, alguns padrões regulares de relacionamento entre doença e sociedade. Assim é que, apesar das diferenças que afetaram, em diversas comunidades nacionais, os valores éticos, as crenças e os comportamentos das classes sociais, da profissão médica, dos grupos religiosos e dos governos diante da cólera, houve alguns padrões simbólicos praticamente invariáveis: a análise comparativa permitiu detectar, por exemplo, que, fosse no Rio de Janeiro ou em Nova Iorque de meados do século passado, a cólera era considerada por todos um castigo divino, que atingia primeiramente as pessoas de comportamento social "reprovável". Neste artigo, o relato da tragédia humana vivida por Nova Iorque diante da cólera atende a um duplo objetivo: revelar como uma sociologia do cotidiano pode demonstrar a complexa interação doença, indivíduo e sociedade em uma metrópole do século XIX; e como, na análise de outra experiência histórica - a norte-americana -, pode-se descobrir fortes contrastes e semelhanças com o Brasil, fazendo do estudo de outra realidade um desafio para o conhecimento dos modos de enfrentamento da doença epidêmica pela população brasileira. Considerando-se seus efeitos macro-históricos, o aumento dos níveis de mortalidade foi bem menos brutal que seu impacto social e psicológico - o terror gerado pela cólera no cotidiano das famílias. Do ponto de vista epidemiológico, viu-se neste artigo que as epidemias foram geradas na Ásia por uma grande ruptura no equilíbrio entre micropa-rasita e hospedeiro humano - ruptura resultante, por sua vez, dos movimentos populacionais intensificados pelo imperialismo europeu. Partindo da índia, as ondas epidêmicas propagaram-se velozmente pela Europa e Américas, afetando sobretudo as populações mais pobres e residentes em áreas insalubres. Este é o quadro geral discutido no presente artigo, em que a sociologia histórica toma de empréstimo à epidemiologia histórica de William McNeill algumas de suas análises mais esclarecedoras.

  • 其他摘要:

    The comparative method is one of hístorical sociology's indispensable tools. Focusing on a century of cholera epidemics in a numbcr of countries, the present comparative study endeavors to show how one same historical-social phenomenon displays sharp contrasts across time and space in the impacts il has on culture, society, and poliíics. For example, dissimilar state-building processes have left deep marks on lhe nature of administra-tive apparatuses in different countries, leading each nation to develop its own distinct forms of sanitary organizations and its own ways of combaling cholera cpidemics. At the same lime, historical comparative analysis makes it possiblc to pick out patterns of rclationship between illness and society within thcse differentiated contexts. Despite their differences, in various national communities the ethical values, beliefs, and behavior patterns that social classes, the medicai profession, religious groups, and government administrations have displayed towards cholera reveal certain practically invariable symbolic patterns. Comparative analysis' madc it possible, for example, to detect that in the mid-nineteenth century everyone in Rio de Janeiro as well as in New York saw cholera as a punishment from God, a disease which struck First at those whose social behavior was "censurabie". There is a twofold purpose in this arlicle's narration of the human tragedy of the New York experience with cholera: (1) to show how a sociology of evereyday life can reveal complex interactions between illness, individual, and society in a nineteenth-century metropolis and (2) to show how the analysis of a different historical experience - in this case, the United States - can uncover strong contrasts and similarities with Brazil. Such knowledge of another reality is a challenge in learning how the Brazilian population has faced this epidemic disease. In terms of the disease's macro-historical effects, rising death rates had a less brutal impact than social and psychological factors, that is, the terror sparked by cholera within the day-to-day lives of families. From an epidemiological viewpoint, the article tells how these epidemics were products of a major hreakdown in the balance between microparasite and human host in Asia, a brcakdow that can be traced to intensified population migration prompted by European im-perialism. Starting out from índia, these cpidemic waves swept swiftly across Europc and the Américas, affecting above ali poor populations and those residing in unhealthy areas. This is the general picture discussed in the present article, in which historical sociology borrows some of William McNeill's more enlightening analyses in historical epidcmiology.

国家哲学社会科学文献中心版权所有