A coexistência do setor público e privado de saúde no Brasil é antiga e os arranjos percorridos têm contribuído para a construção de um sistema fragmentado e complexo. Na busca por estabelecer políticas setoriais em harmonia com o Sistema Único de Saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar tem estimulado o desenvolvimento de programas de promoção da saúde e prevenção de doenças no setor. Essas ações são consideradas como um conjunto heterogêneo de estratégias na consolidação de políticas que visem à saúde da população. Este é um estudo de caráter qualitativo que objetiva analisar esses programas em uma operadora de autogestão, com o intuito de compreender se eles produzem dispositivos biopolíticos. Foram coletados os discursos dos usuários dos programas por meio de um roteiro semiestruturado e utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Os resultados mostram que se encontram em curso alguns processos de reestruturação da produção do cuidado, e os aspectos relacionais têm sido priorizados nesses programas. Essas ações configuram-se em dispositivos biopolíticos conduzindo formas de viver. É importante a existência de equilíbrio entre as práticas desses poderes e a produção de liberdade, atentando para que não haja intervenções biopolíticas arbitrárias e autoritárias na produção das ações de saúde.
The coexistence of public and private health care systems in Brazil is old and their arrangements have contributed to the construction of a fragmented system. In seeking to establish policies in agreement with the Brazilian Unifed Health System, the National Agency of Supplemental Health insurance has encouraged the development of programs for health promotion and disease prevention on the private sector. These actions are a heterogeneous set of strategies to consolidate policies aiming at the population's health. This is a qualitative study that analyzes these preventive programs in a private health insurance agency, to understand whether they produce bio-political devices. Speeches were collected from users of the programs through a semi-structured script using the technique of content analysis. The results show that some restructuring processes of care production are ongoing, and relational aspects have been targeted in these programs. These actions are configured in devices leading biopolitical forms of life. It is important to have balance between these powers and the production practices of freedom, noting that there is no arbitrary and authoritarian biopolitical interventions in the production of health actions.