Neste trabalho são apresentadas estimativas para a inflação brasileira na década de 2000. Os resultados de um modelo "estrutural" com duas variáveis endógenas - a inflação do produto e a inflação salarial - apontam que: i) o indicador de demanda não apresentou significância estatística na equação da inflação de bens e serviços, mas sim na equação da variação salarial; ii) houve predominância da influência de pressões cambiais e da evolução dos preços das commodities na explicação da inflação cheia. Porém, estimativas desagregadas em bens de consumo e serviços indicaram a predominância dos salários como variável explicativa dos preços dos serviços não monitorados. As pressões salariais da segunda metade da década, contudo, puderam ser acomodadas parcialmente devido ao crescimento da produtividade no período. Por fim, as evidências reportadas para os preços monitorados sugerem ainda que políticas não monetárias adotadas nesta década, de natureza regulatória e tributária, foram eficazes no controle da inflação.
This paper presents estimates of Brazilian inflation during the 2000. The results of a structural model with two endogenous variables - wage inflation and product inflation - indicate that: i) the demand indicator was not statistically significant in the product inflation, but was important in explaining wage inflation; ii) variations in the exchange rate and commodity prices were the key determinants to product inflation. Disaggregated estimates revealed that wages played a significant role in determining the price variations of consumer goods and services (not administered by the government). However, wage impacts on final prices in the aggregate model were not significant due to the rise in productivity. Finally, the evidence reported on administered prices by the government suggested that non-monetary policies that were adopted in this decade, consisting of regulatory and fiscal measures, were effective in controlling inflation.