Autobiografias musicais constituem um recurso terapêutico eloqüente a respeito de como os indivíduos definem a si mesmos, auxiliando a (re)construção da identidade e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de portadores de Esclerose Múltipla. Oito pacientes adultos sob acompanhamento no Centro de Investigação em Esclerose Múltipla (CIEM) - UFMG, selecionaram entre 10 a 15 músicas significativas em sua vida, a respeito das quais discorreram em entrevista aberta. Os dados foram analisados qualitativamente segundo categorias criadas pelo musicoterapeuta norueguês Even RUDD (1998), que visam revelar como o indivíduo expressa suas identidades pessoal, social, temporal e transpessoal. Submetidos a tratamento quantitativo, os dados indicaram que, através da sua história musical, os pacientes aumentaram a percepção dos sentimentos e sensações corporais, expressaram-se de maneiras alternativas e ativaram memórias afetivas, contextualizando-as e adquirindo um senso de continuidade da vida.
Musical autobiographies consist a powerful therapeutic tool through which individuals define themselves, helping in the (re)construction of their identities and in enhancing quality of life of Multiple Sclerosis patients. Eight adult patients under treatment in the Research Centre for Multiple Sclerosis (CIEM) - UFMG, selected 10 to 15 significant pieces of music in their lives, after which they narrated in open interview. The data collected were submitted to the music therapist Even RUDD (1998) categories, which reveal how the person expresses his personal, social, temporal and transpersonal identities. The quantitative treatment indicate that, through their musical history, patients could better the perception of their feelings and body awareness, they could express themselves through alternative ways and activated affective memories, contextualizing them and achieving a sense of continuity of life.