O artigo analisa a dinâmica política do processo de criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), encerrado em outubro de 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Argumenta que o presidente da República se submeteu aos interesses de militares, notadamente do Exército e da Marinha, ignorando o projeto de lei que tramitava no Congresso Nacional e que tinha a mesma finalidade. A estratégia contribuiu para por fim às divergências existentes entre o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e o Ministério das Relações Exteriores, para alijar os cientistas desse processo de decisão e, especialmente, para enfraquecer o debate sobre a política nuclear na sociedade brasileira.
The article analyzes the political dynamics of the process that founded the Brazilian National Nuclear Energy Commission (CNEN), concluded in October 1956, during Juscelino Kubitschek's government. It argues that the President Kubitschek yielded to military interests, especially from the Army and Navy, ignoring the bill on the same matter that was in discussion at Brazil's House of Representatives. This strategy helped to reduce the disagreement between the Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) and the Ministry of Foreign Affairs, as well as to remove scientists of this decision process and to weaken the debate about nuclear policy in the Brazilian society.