Neste artigo busco explorar, a partir de uma perspectiva etnográfica, a complexa articulação entre circulação e criação de relações pessoais no meio prisional, particularmente considerando o caso do Rio de Janeiro. A argumentação se distribui em três planos de análise: um exame dos mecanismos institucionais que respondem pela circulação de homens e mulheres no sistema penitenciário; a discussão sobre o valor da liberdade e os expedientes de fuga; a apreciação dos modos de subjetivação abarcados na produção da "delinquência". Busca-se, dessa forma, fornecer subsídios para o debate sobre as recentes mudanças pelas quais passa o sistema penitenciário brasileiro, marcado pelo crescimento dos parques carcerários, pelo endurecimento do regime de cumprimento da pena e pela criação de novas formas de organização entre presos.
Adopting an ethnographic perspective, in this article I explore the complex interconnections between the circulation and creation of personal relations in the prison environment, focusing in particular on Rio de Janeiro. The argument unfolds on three levels of analysis: an examination of the institutional mechanisms responsible for the circulation of men and women in the penitentiary system; the discussion on the value of freedom and methods of escaping; the appreciation of modes of subjectivization contained in the production of 'delinquency.' In this way I look to contribute fresh material to the debate on recent changes in the Brazilian penitentiary system, including the growth of prison parks, the hardening of the penal system and the creation of new forms of organization among prisoners.