Este artigo volta-se simetricamente para profissionais de saúde que atuam em contextos indígenas, elaborando as seguintes perguntas: O que acontece com profissionais de saúde que se veem diretamente relacionados a concepções diferenciadas de corpo, saúde e doença? O que sucede quando as práticas de saúde se dão num processo de tradução da própria conceituação do que seja saúde? De que forma esses profissionais são afetados por essa experiência com a alteridade radical? Na busca de refletir sobre essas indagações, o texto se detém nas histórias de uma médica e de uma enfermeira, destacando motivos constantes em suas narrativas, que nos contam algo sobre limitações, limites e processos de tradução. O cenário descrito talvez possa matizar a percepção de uma biomedicina homogênea e de profissionais de saúde exclusivamente vinculados ao poder - sempre envoltos em relações reificadas e reificadoras.
The present article symmetrically deals with health professionals who work in indigenous contexts, developing the following questions: what happens to health professionals who find themselves directly relating to different conceptions of body, health and disease? What happens when health practices take place in the context of the process of translating the very concept of health itself? How are these professionals affected by the experience of contact with radical otherness? In seeking to reflect upon these questions, we focus upon the stories of a doctor and a nurse, highlighting points contained in their narratives which tell us something about constraints, limits and translation processes. The scenario described here might temper belief in a homogeneous biomedicine and healthcare professionalism that is exclusively rooted in power: always wrapped in reified and reifying relations.