Em Portugal há poucos estudos sobre a experiência com a doença mental, sobretudo sobre a forma como aqueles que a vivenciam no seu quotidiano a experienciam e com ela convivem quotidianamente. Neste artigo, que se baseia em evidência empírica resultante de um estudo exploratório apoiado em entrevistas em profundidade junto de dez pessoas com diagnóstico psiquiátrico de depressão crónica, onde se analisam as conceções sobre a sua própria doença e a perceção sobre os impactos na vida quotidiana, procuram-se os sentidos que se tecem a partir dessas experiências pessoais no quotidiano, dando especial ênfase às conceções e representações sobre a sua própria doença, evidenciando as tensões entre a normalidade (passado) e a experimentação subjetiva do novo eu (identidade atual).
There have been few studies in Portugal on experience with mental illness, and above all on the way in which those who live with it in their daily lives experience and co-exist with in on a day-to-day basis. This article is based on empiric evidence from an exploratory study supported by in-depth interviews of ten people with a psychiatric diagnosis of chronic depression, in which the interviewees analyse concepts about their own illness and their perceptions of their impacts in daily life. The authors look for meanings that can be pieced together from these daily personal experiences, with special emphasis on the interviewees concepts about and representations of their own illness, highlighting the tensions between normality (past) and the subjective experience of the new I (current identity).