O modelo tridimensional de desenvolvimento, baseado em três eixos distintos e complementares -propriedade, família e gestão/empresa -, permite a análise e a compreensão do ciclo de vida da organização e do seu processo de sucessão. Os desafios e soluções desse processo convergem para um conjunto de ações, configurado sob a forma de governança. Este artigo tem como objetivo analisar o ciclo de vida e o processo de sucessão e de governança do Grupo Seculus. Trata-se de um grupo empresarial familiar mineiro que se encontra em sua primeira geração e em processo de transição para a segunda geração, sendo, portanto, uma unidade de análise relevante para a proposta estabelecida. Foi realizado um estudo de caso descritivo, de caráter qualitativo, sendo coletados dados secundários em documentos da empresa e da família; e dados primários, por meio de entrevistas semiestruturadas com pessoas-chave da família e/ou empresa. Participaram das entrevistas membros da família proprietária, familiares não acionistas empregados e não empregados da empresa e gestores não pertencentes à família. Utilizou-se a estratégia de construção da explanação para a análise dos dados. Os resultados indicam que a empresa encontra-se no estágio de sociedade entre irmãos, de trabalho em conjunto e de expansão/formalização. Identificou-se que a condução do processo sucessório ao longo do tempo ocorreu de forma contingencial e não planejada. Concluiu-se que a prática da governança representou um caminho para equacionar conflitos reais e potenciais vinculados à sucessão, sobretudo com respeito à profissionalização. Este estudo pode trazer uma contribuição para a academia, pois associa três temas essenciais à condução das empresas familiares: o desenvolvimento dos ciclos de vida, como ferramenta de gestão; a sucessão, requerendo planejamento e preparação prévios; e a governança, como possibilidade de tratamento dos conflitos inerentes ao processo. Constitui ainda um avanço na medida em que estabelece críticas ao modelo de Gersick et al. (1997), principalmente no que diz respeito à questão da profissionalização e de práticas de governança. Pôde-se concluir, portanto, que a condução da sucessão em empresas familiares envolve desafios relativos ao desenvolvimento de famílias, da empresa e da propriedade. Tais desafios são bem encaminhados quando passam pela criação de estruturas que permitem à família proprietária participar das soluções, equacionadas por práticas de governança.
The three-dimension development model, based on three different and complementary axes: -ownership, family and business/management-allows analyzing and understanding the organizational life cycle and succession process. The challenges and solutions of this process converge to a conjunction of actions, configured as governance. This paper aims to analyze the life cycle and the succession and governance process in the Seculus Group. This family business is an enterprise group in the State of Minas Gerais. They are at the first generation in a transition process to the second generation, being therefore a reliable analyze unit for this study propose. We realized a descriptive and qualitative case study. We collected secondary data from the enterprise and family documents; and primary data through semi-structured interviews with key members of the family and/or of the enterprise. We interviewed members of the owner-family, and also with no-bonds-owner family members, working or not in the enterprise, and other managers without relations to the family. We used the strategy of explanation building for the data analysis. The results showed that the enterprise is in the stage of Sibling Partnership, of Working Together and of Expansion/Formalization. It was acknowledged that the conduction of the succession process occurred along the time in a contingency way. It was not planned. We concluded that the governance was a way to solve real and potential conflicts about succession, especially about professionalization. This study may bring some contribution to the academic, because it associates three themes, all essentials to conduce family enterprises: the family business life cycles, as a management implement; and the succession, needing planning and previous preparation; and the governance, as a way to solve the conflicts inherent to the process. It also consists in an advance, the way it formulates criticism about the model of Gersick et al. (1997), especially on the question of professionalization and governance practices. We conclude, therefore, that the conduction of succession in family businesses involves challenges related to the development of families, enterprises and ownership. Those challenges can be well faced by governance practices, with the formation of structures that make possible owner-family to participate of the solutions.