Este artigo pretende dar conta de uma discussão que pauta a pesquisa sobre câncer na atualidade. Tal se deve à existência de um modelo hegemônico e paradigmático daquilo que deve ser a pesquisa na área oncológica, e um outro (por ser aquele que neste momento mais disputa a hegemonia vigente) que pretende desafiar a concepção da doença e sua pesquisa nesses moldes dominantes, baseando-se para tal em concepções diferenciadas da biologia e das metodologias utilizadas. Partindo do princípio de que ambos os modelos possuem uma gênese e desenvolvimentos próprios, recorre-se ao quadro teórico e conceptual de Ludwik Fleck sobre o conhecimento médico, nomeadamente os conceitos de coletivos e estilos de pensamento, para se encetar uma discussão sobre o modo como certos tipos de conhecimento se tornam dominantes num determinado momento, analisando simultaneamente as implicações científicas, econômicas e políticas que tal debate encerra.
The purpose of this article is to raise awareness of a discussion within contemporary cancer research. This discussion is based upon the existence of a hegemonic and paradigmatic model, and an alternative that is grounded on differing conceptions of biology and research methodologies and seeks to challenge the illness conception and type of research of the previous. Departing from Ludwik Fleck's theoretical and conceptual framework on medical knowledge, namely the concepts of collectives and styles of thought, it is intended to show that this current alternative is qualified to dispute this longstanding hegemony. Taking into consideration that both models have an origin and progression of their own, it is intended to establish a discussion on how certain types of knowledge become dominant at a certain moment and simultaneously analyze the scientific, economical and political implications embedded within the debate.