A proposta deste trabalho é articular dois campos aparentemente desconexos, os estudos de jornalismo e de tradução. Tem entre seus objetivos demonstrar possibilidades que ultrapassem a visão hegemônica de que o jornalismo mostra fatos cotidianos para aqueles que não os vivenciaram e que a tradução linguística traduz textos originais para os que não podem decodificá-los, ambos os processos afeitos ao modo fiel, objetivo e veraz. Tais visões compartilham a crença em certas dicotomias, como a separação entre verdade e linguagem, referencialidade e ficcionalidade, realidade e fantasia, fato e relato. Busca-se, desse modo, questionar a tradição da objetividade jornalística e da fidelidade ao texto por meio da assunção do caráter narrativo desses discursos e das marcas culturais neles presentes e das implicações disso no imaginário social.
This paper proposes to link together two seemingly unrelated fields, journalism and translation studies. One of its objectives is to demonstrate possibilities that go beyond the traditional view that journalism translates everyday facts for those who did not experience them, that linguistic translation interprets original texts for those who cannot decode them, and that the mode of expression of both these processes is reliable, objective and truthful. These views share a belief in certain dichotomies, such as the separation between truth and language, referentiality and fictionality, reality and fantasy, fact and narrative. Thus, our aim is to question the tradition of journalistic objectivity and textual fidelity by assuming the narrative character of these discourses and their cultural aspects, and the implications of this for the social imaginary.